segunda-feira, 12 de julho de 2010

Agora são 8 campeões

Por Pedro Daniel M. Campos

Em jogo de chances perdidas e violência exacerbada, Iniesta marca na prorrogação e a Espanha se torna campeã do mundo


O dia 11 de Julho de 2010 seria marcado para sempre na história dessas duas seleções. Com excessão da final, apenas em 1978 duas seleções que nunca haviam sido campeãs do mundo disputaram a final. Pela primeira vez em 80 anos de história das copas do mundo, uma final sem Itália, Brasil, Argentina ou Alemanha. Era dia de história.
Duas escolas diferentes de grande história no futebol teriam a chance de chegar ao topo da carreira de uma seleção de futebol. A Holanda já tinha disputado duas finais na história, tendo perdido em 1974 e 1978 para as anfitriãs; Alemanha e Argentina, respectivamente. Já a Espanha chegava a sua primeira final na história, tendo tido apenas, no seu histórico, um quarto lugar em 1950 (Brasil). Apesar da falta de tradição, a Espanha é a primeira colocada no Ranking de seleções da FIFA e chegou favorita pela futebol ofensivo jogado e pela conquista da Eurocopa de 2008.

As duas seleções até aqui optaram por um jogo onde a posso de bola é valorizada, jogando de pé em pé, sem lançamentos longos (o chamado estilo inglês). Ficava em questão então saber quem iria conseguir prevalecer nesse quesito, já que não da para os dois times terem a maioria da posse de bola. Quem começou mostrando pra o que vinha foi a Espanha. Já aos 4 minutos, Sergio Ramos cabeceou após escanteio e o goleiro Stekelenburg teve que mergulhar para impedir o gol.
As duas equipes tocavam a bola mas  dominio ofensivo era da espanha. A primeira chance holandesa saiu de um erro de passe espanhol. Busquets tentou um passe lateral e Kyut interceptou, chutando de fora para o goleiro Iker Casillas segurar.
A falta de chance de gols mostrou uma outra façanha do jogo que quebraria um recorde negativo. Apenas no primeiro tempo, 7 cartões amarelos e várias entradas violentas e desleais que mereceriam um vermelho, como o pé de De Jong no peito de Alonso. Já no primeiro tempo o jogo batia os recordes de cartões distribuídos numa final. 
Diziam os mais corneteiros que o jogo não era digno de final. Táticamente era um jogo muito bom, com os dois times marcando a saída de bola do adversário, obrigando o oponente a jogar em curto espaço mas tecnicamente era um jogo fraco com poucas chances de gol. Uma das poucas do primeiro tempo veio com Villa. Ap´s cruzamento de Xavi o acatante pegou de primeiro de esquerda e a bola bateu na rede pelo lado de fora, fazendo vários torcedores espanhóis soltarem o grito de gol.
A Holanda teve um histórico em 2006 que a fez ser considerada uma seleção que não joga o jogo limpo. Na época o técnico Van Basten foi flagrado induzindo seus jogadores a ignorarem algumas regras (principalmente no jogo contra Portugal, pelas oitavas de final). Porem, ao que tudo indica o problema não era o técnico já que, neste jogo de hoje, após Puyol ter que ser atendido após choque com Casillas a bola foi recuada por Heitinga em direção ao gol, fazendo o goleiro da Fúria ter que espalmar para escanteio. A torcida presente em Joanesburgo vaiou a atitude holandesa. Por conta disso, na cobrança do escanteio o jogador da Holanda devolveu a bola para o goleiro espanhol.
A Holanda teve a sua melhor chance quando em escanteio, Robben faz uma jogada ensaiada, rola a bola pra Van Bommel que tocou para Mathijsen na esquerda dentro da área. O zagueiro simplesmente tenta chutar de primeira e fura o lance.
 A Espanha viria a ser solidária logo a seguir após Puyol escorar de cabeça pra deixar Capdevila sozinho e o lateral furar da mesma forma.
Fim do primeiro tempo.

No segundo tempo Robben tentou chutar duas vezes da sua jogada habitual; cortar para o meio e chutar. O goleiro Casillas, em ótima forma, defendeu as duas sem dificuldades. 
Xavi cobrou uma falta que passu perto do gol de Stekelenburg. Na sequência, Sneijder escorou para a área e Heitinga, impedido, cabeceou perto do gol. 
A chance mais clara de todo o jogo viria aos 17 minutos. Sneijder sumido em campo faz um passe de quase 30 metros para Robben, o atacante ganha na corrida dos dois zagueiros espanhóis, sai de frente com o goleiro Casillas e tenta tocar na saída do capitão espanhol. Casillas toca na bola e com a ponto do pé a esta vai para fora. Ótima chance desperdiçada.
Aos 24 minutos, Navás, que havia entrado no lugar de Pedro, cruzou, Heitinga furou e a bola sobrou para Villa isolar por cima do gol. 
A Espanha então teve várias chances, passou a dominar o jogo mas o gol da vitória nao saía. Aos 31 Navás cruza na área, Sergio Ramos sobe sozinho da cabeceia por cima do gol. Aos 39 mais uma vez Robben consegue sair dos dois zagueiros mas dessa vez Casillas encaixa a bola antes do atacante conseguir chutar.
De mais importante no segundo tempo, pouca coisa. O jogo ia pra prorrogação. 
Em relação a alterações, na Espanha tinha saído Xabi Alonso para a entrada de Fábregas e Pedro para a entrada de Jesus Navás. Na Holanda Elia no lugar de Kyut e Van Broockhorst saía para dar lugar a Braafhield.

Pelo clima do jogo nos 90 minutos, a prorrogação parecia ser apenas um aperitivo sem sal para o grande prato principal; os penaltis. Errado mais uma vez. Em 30 minutos adicionais tivemos mais vontade de jogo do que nos 90 regulamentares.
A Espanha chegava para a prorrogação com aparentemente mais fôlego e explorou isso. Já aos 4 minutos Fabregas recebe, a bola é interceptada e cai nos pés de Iniesta, marcado por três ele é derrubado e a bola sobra pra Xavi chutar, mas, em choque com Heitinga, o meia se desequilibra.
1 minuto depois Fabregas sai sozinho com o goleiro mas chuta encima do holandês ao inves de dar o passe para Villa, com o gol livre, colocar a Espanha em vantagem. 
Aos 7, Sneijder bateu escanteio, Mathijsen cabeceou e a bola foi para fora. Mais uma vez o ataque espanhol vencia a defesa Holandesa e, dessa vez, foi a vez de Iniesta receber pelo meio e, ao invés tocar para Villa livre na esquerda, perder a bola antes de chutar.
No final do primeiro tempo Navas recebeu e chutou cruzado. A bola bateu na rede pelo lado de fora. 
A Holanda colocou o meia ofensivo Van Der Vaart no lugar de De Jong no fim do primeiro tempo da prorrogação. Muito provavelmente o jogador viria para bater um possível penalti. No início da segunda parte, o técnico Vicente del Bosque fez sua última substituição. Saía Villa para a entrada de Fernando Torres.
Aos 3 minutos do segundo tempo, a situação que já vinha complicada ficou pior. Heitinga derrubou Iniesta e recebeu o segundo cartão amarelo. Na sequência da falta Xavi cobrou mas a bola foi por cima do gol. 
aos 7 minutos Sneijder cobrou uma falta, a bola resvalou no ombro de Fabregas na barreira e passou perto do gol de Casillas. O juiz porem, não deu escanteio.
Aos 10 minutos, o lance que definiria a partida. Torres tentou passar para Iniesta mas bateu mal. Na sobra o jogador da Holanda afasta e a bola cai nos pés de Fábregas que toca para Iniesta e o meia chuta para fazer o gol mais importante da sua carreira; o gol mais importante da sua seleção. O gol que levaria a Espanha a ser campeã mundial pela primeira vez na sua história. 
Não havia tempo de mais nada. O jogo terminou desse jeito com a grande favorita (porem zebra) campeã.
Quanto ao nível disciplinar do jogo, foram 13 cartões amarelos e um vermelho, podendo ter sido muito mais se o juíz optasse por um critério mais rigoroso. Uma vergonha para uma das grandes campanhas da FIFA; o "fair play".

Destaque:

Andrés Iniesta












O camisa 6 fez o gol mais importante da história da sua seleção e, consequentemente, da partida.

Escalações:

Holanda: Stekelenburg, Van der Wiel, Heitinga, Ooijer e Van Bronckhorst (Braahfeid); Mark Van Bommel e De Jong (Van der Vaart); Sneijder, Dirk Kuyt (Elia) e Robben e Van Persie
Técnico: Bert Van Marwijk
Espanha: Casillas, Sergio Ramos, Puyol, Piqué e Capdevila; Busquets, Xabi Alonso (Fabregas), Xavi e Iniesta; Pedro (Jesus Navas) e David Villa (Fernando Torres)
Técnico: Vicente del Bosque

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