sábado, 3 de julho de 2010

Hexa agora só em 2014...

Por Guilherme Marçal

Brasil cede virada para os holandeses e é eliminado pela segunda vez consecutiva nas quartas-de-final


Acabou o sonho. A derrota para a Laranja Mecânica mandou a seleção de Dunga e companhia de volta para casa. Volta com gosto amargo na boca, pois era sabido o potencial da equipe. Volta, também, esperamos nós torcedores, com a consciência de que um time vencedor necessita de craques. Volta, agora, à estaca zero. A Holanda, quase me esqueço, é só festa. Na semi-final, o time enfrentará o Uruguai, na tentativa de chegar à terceira final de sua história, mas, dessa vez, espera levar o caneco.

O jogo teve dois períodos bastante distintos. O primeiro, no qual o Brasil poderia ter liquidado a fatura, e o segundo, em que a Holanda virou o placar e soube administrar a vantagem. A partida começou com um Brasil bastante incisivo no ataque. Robinho abriria o marcador logo aos 7 minutos, não fosse o impedimento bem assinalado de Daniel Alves, que deixaria o atacante livre para marcar. Dois minutos mais tarde, a bola entrou, desta vez, para valer. Felipe Melo deu um passe sensacional para Robinho, que pegou de primeira, por baixo do goleiro Stekelenburg: 1 a 0. A Holanda tentava se reorganizar em campo, pois não encaixou sua marcação de início. Numa tentativa de reação, Kuyt deu chute perigoso, obrigando Julio César a fazer defesa no reflexo. Aos 24 minutos, Daniel Alves deu um baile na ala direita e cruzou para Juan, que mandou por cima da meta. Aos 30, a mais bela jogada da partida: Robinho driblou dois holandeses e tocou para Luis Fabiano. O camisa 9 rolou de calcanhar para Kaká, que veio de trás bater colocado no ângulo, obrigando Stekelenburg a fazer uma defesa espetacular. Cinco minutos mais tarde, Sneijder cobrou falta com força, mas Julio César mostrou segurança (ao menos até aquele momento). Na última jogada do primeiro tempo, Maicon chutou firme uma bola que muitos torcedores gritaram gol. Contudo, terminamos vencendo pelo placar mínimo e jogando um bom futebol.

A segunda etapa foi muito diferente, em todos os sentidos. A Holanda cresceu na partida e, aos 7 minutos, deixou tudo igual. Sneijder cruzou para a área e, numa falha conjunta de Felipe Melo com Julio César, a bola entrou, desviada pelo volante brasileiro: 1 a 1. O Brasil não se entregou de cara. Daniel Alves tentaria o segundo tento num chute cruzado, mas a bola passou longe. Aos 20, Kaká bateu colocado, sem muita direção. Dois minutos depois, a inesperada virada. Robben cobrou escanteio, Kuyt raspou de cabeça e deixou Sneijder livre para cabecear pro fundo das redes. O gol foi o maior baque sofrido pela seleção na Copa, afinal, poucas foram as vezes que o time de Dunga ficara atrás do placar. Nervosos e incrédulos, os brasileiros tiveram em Felipe Melo o maior agravante para a já periclitante situação. O camisa 5, que vinha perseguindo seu cartão vermelho arduamente durante todo o Mundial, conseguiu voltar para a casa com o seu na bagagem, após dar um maldoso pisão em Robben. Atacando desesperadamente, o Brasil chegou com perigo em três escanteios seguidos, mas a bola esbarrava na zaga ou no goleiro Stekelenburg. A essa altura, Dunga já estava realizando suas costumeiras bobagens, ao tirar Luis Fabiano de campo. Aos 38, num último lampejo de esperança, Kaká arrancou pela esquerda, mas chutou prensado. A partir daí, os europeus somente se defenderam até o apito final, que os garantiu a passagem para a fase semi-final.

Destaque:

Wesley Sneijder

O habilidoso meia comandou o meio-campo da Holanda, principalmente na segunda etapa. Participou do lance do primeiro gol e marcou, de cabeça, o tento que selou a vitória sobre os pentacampeões.

Opinião do torcedor:
A seleção brasileira está fora. Está fora, não por causa de Felipe Melo, que até deu de presente o primeiro gol para Robinho, ou nem mesmo por causa da superioridade holandesa. Não. Está fora por causa do Dunga. Tenho motivos para achar isso. Primeiramente, algumas ausências injustificáveis na convocação. Marcelo tinha vaga de titular absoluto nesse time e, no entanto nem foi convocado. Michel Bastos, que joga de ponta esquerda no Lyon, foi posto como lateral, ou seja, isso inclui consciência defensiva, no caso, inexistente. Isso explica suas atuações desastrosas na Copa. Gilberto e Kleberson foram outros dois que figuraram entre os 23 e eu não sei até agora o motivo. Chamaram Julio Baptista para meia de ligação, acabamos a Copa com Daniel Alves, lateral, em seu lugar. Então pra quê chamá-lo, Dunga? Chama o Ganso, que é craque, não se intimida e tem toda pinta de se tornar um futuro Kaká, ou até superá-lo. Entraria até na discussão pelo Ronaldinho, mas esse, diante de seus altos e baixos, não mereceu, realmente. Ainda assim, talvez o convocasse, pela sua experiência e pelo fato de que um craque aparece numa Copa. Mesmo se não aparecer, intimida o adversário. Olhar para trás e ver no banco da seleção brasileira Josué, Gilberto, Kleberson e Grafite deveria ser algo revoltante para um treinador. Sei que é muito fácil falar depois do estrago já feito, mas garanto que é um sentimento que muitos vão compartilhar. Espero que o próximo técnico aprenda com tais erros. Paciência. Que venha 2014.

Escalações:
Holanda: Stekelenburg, Van der Wiel, Heitinga, Ooijer e Van Bronckhorst; Van Bommel, De Jong, Sneijder e Kuyt; Van Persie (Huntelaar) e Robben. Técnico: Bert van Marwijk.
Brasil: Julio Cesar, Maicon, Lúcio, Juan e Michel Bastos (Gilberto); Gilberto SIlva, Felipe Melo, Daniel Alves e Kaká; Robinho e Luis Fabiano (Nilmar). Técnico: Dunga.

2 comentários:

Sergio Naylor disse...

Achei esse comentario em um blog esportivo e me parece bastante coerente a análise de comportamento Dunga-Melo. Veja só!

COMPORTAMENTO COERENTE. Tito Ryff também se pronuncia, com lucidez, por e-mail: “Caro Renato, uma psicóloga que assistiu ao jogo do Brasil comigo discorda da avaliação de que ‘o Felipe Melo não correspondeu à confiança que o Dunga depositou nele’. Segundo ela, o Felipe Melo teve exatamente o comportamento que o Dunga esperava dele e o estimulou a ter. O Dunga queria que o Felipe Melo fosse ‘o Dunga’ desta seleção, ou seja, ‘o xerife durão da entrada da área’, uma espécie de ‘macho alfa’ (expressão dela) em campo. E só insistiu na sua escalação porque o sucesso do Felipe Melo seria uma confirmação, ou reedição, do sucesso do Dunga em 1994. Ou seja, era o Dunga buscando uma segunda consagração como jogador. Só que o Felipe Melo é bem mais descontrolado do que o Dunga foi como jogador. Não falo do técnico...”

4 de julho de 2010 às 11:22
South Africa 2010 disse...

Eu concordo com esse texto. E eu acho engraçado é que aconteceu exatamente que todo mundo esperava. Quem colocou o felipe melo lá, sabia dessas caracteristicas dele.
Pena que tdo mundo quer arrumar um culpado para tudo.

Pedro Campos

4 de julho de 2010 às 14:32